Pinturas |
Vila Velha: CAPITAL HISTÓRICA DO ESPÍRITO SANTO. Há 484 anos, a história começa a ser escrit a nesta parte do Brasil.
Primeiro por portugueses, depois, também, por índios, africanos, espanhóis e
viajantes estrangeiros. Mais tarde chegaram, para colaborar, os italianos,
alemães, árabes, judeus, orientais.... Assim, juntos, construímos o Espírito
Santo. É longa a história da colonização do solo
espírito-santense, que principia em Vila Velha, com a chegada de Vasco
Fernandes Coutinho e companheiros, no dia 23 de maio de 1535. Batizada
originalmente como Vila do Espírito Santo, nossa Vila emprestou seu nome ao
Estado e adotou oficialmente o apelido que lhe foi dado após a fundação da Vila
de NS da Vitória (nome dado em homenagem a Nossa Senhora, protetora dos
vitoriosos cristãos na batalha de Lepanto, Grécia – 1571, que deteve a
expansão islâmica no Mediterrâneo). Entre os 60 homens que aqui chegaram com Vasco Coutinho, o mais
proeminente foi D. Jorge de Menezes, fidalgo e navegador famoso. Foi ele
quem descobriu a Nova-Guiné/Papua, segunda maior ilha do mundo. Herói de
guerra, que havia perdido a mão direita em batalha, foi nomeado Senhor de
Ternate, ilha do arquipélago das Molucas (Indonésia), a maior produtora de
cravo-da-índia no séc. XVI. O porto e a posição estratégica de Ternate fizeram
dela o principal entreposto para as especiarias ditas “das Índias”. O comércio
enriqueceu o seu sultão, que se tornou o mais poderoso de toda a Indonésia. |
D. Jorge de Menezes, espírito ganancioso, prepotente e belicoso, logo
criou atrito com os nativos das Molucas. Desterrou o sultão de Ternate, com
toda a família, para a longínqua Goa, província portuguesa na Índia. Tendo os
chefes tribais das diversas ilhas do arquipélago mostrado descontentamento com
o seu procedimento, convidou-os a uma reunião em sua fortaleza, e todos foram
mortos. Como consequência desse ato insano, portugueses passaram a ser vistos
com total desconfiança na Ásia. O prejuízo para a expansão do Império Português
irritou profundamente D. João III. O Rei mandou prender o fidalgo que, levado à
corte, foi condenado ao degredo perpétuo no Brasil. O maior castigo que poderia
ser aplicado a um nobre, naquele tempo, uma vez que a pena de morte era vedada
à nobreza. D. Jorge, após 15 anos em Vila Velha, recebeu o governo de Vasco
Coutinho que fora a Portugal buscar recursos para desenvolver a Capitania.
O desatino do famoso explorador guerreiro contra os índios provocou forte
reação, que culminou com o seu assassinato. Com a morte de D. Jorge, D. Simão Castelo Branco,
também fidalgo português degredado, assumiu a direção da Capitania, enquanto
Vasco Coutinho permanecia em Portugal. Tentando vingar a morte do patrício,
ele investiu contra os índios. Seu governo durou apenas dois meses. Foi
morto pelos nativos e, assim, a Capitania ficou em grande desordem até o
retorno do Donatário da Europa, segundo depoimento de vários navegantes que por
aqui passaram durante esse período. Os dois fidalgos, criminosos degredados, emprestam
seus nomes a duas longas e importantes ruas, que partindo da Praia da Costa
atravessam o Sitio Histórico da Prainha de Vila Velha. Enquanto a rua do
herói Vasco Coutinho é pequena, estreita e acanhada, se resumindo à Prainha.
Ironias da nossa história contemporânea. Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 ateliegalveas@gmail.com www.galveas.com maio, 3 |