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“UM TEMA, DUAS VISÕES” - A Gazeta, 1 de outubro de 2017 (Debateram com o
médico, dois advogados) LIBERAÇÃO DA MACONHA. Parabéns aos doutores: Thiago Fabres de
Carvalho e Salo de Carvalho, pelo curto e brilhante texto humanista publicado
hoje em A Gazeta (domingo, 1 – 10 – 2017). Ao médico da “segunda visão” eu recomendo:
reler os livros de Medicina Interna, Farmacologia e a tomar um chá de
Humanismo. Em 2001 publiquei um texto com o título “Droga
Pesada”, onde apontei antibióticos como a droga mais perigosa em circulação.
Terminava assim: “Descuidando da produção e consumo de antibióticos estamos
colocando em risco nossa existência e de outros animais, desenvolvendo inimigos
minúsculos, mas muito perigosos”. Recebi crítica de um religioso responsável por
clínica de recuperação de drogados, onde me perguntava se eu sabia o que era
ter um filho drogado em casa. Eu respondi que enquanto há vida tem esperança.
Disse que preferia ter o filho em casa, do que no cemitério. Onde cerca de 60
mil novos pais enterram, anualmente, seus filhos mortos na guerra pelo controle
do tráfico. Não há registro de morte por overdose de
maconha. Persistindo a reserva de mercado para traficantes, patrocinada pelo
Estado, nosso conservadorismo, conveniência política, ou covardia nos torna
coautores de todas essas mortes violentas. Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 32447115
setembro, 2017 ateliegalveas@gmail.com www.galveas.com DROGA LEVE – Ministro da
Justiça defende descriminação da maconha. Janeiro, 2000. A educação liberta o
homem de sua condição animal, difunde o conhecimento e desenvolve nossas
habilidades psicomotoras. Aprendizagem é mudança de comportamento, proporciona
nossa adaptação num mundo em evolução. Gastamos recursos numa
campanha improvável, que às vezes doura o fruto proibido, quando poderíamos investir
mais na educação, formando cidadãos livres e responsáveis. A intenção do ministro
da justiça em descriminar a maconha nos levou, às seguintes reflexões: - Quem quer maconha e tem
dinheiro nunca deixa de encontrá-la, por mais tempo e verba que o governo gaste
no seu combate. Em último caso, pode viajar para países onde é livre o seu
consumo. - Toneladas de maconha
são apreendidas, mas o preço não varia, revelando a estrutura, organização,
estoque, eficiência dos fornecedores e o baixo custo de produção. - Proibida, a
comercialização alcança alta lucratividade, possibilita corrupção, organização
em diversos níveis e aquisição de armamento. Essa estrutura financiada pelo
tráfico se adapta a modalidades criminosas da conveniência dos seus líderes,
com conseqüências sociais muito graves: assaltos, sequestros,... - Persistindo a Lei Seca,
a guerra por pontos de distribuição será diária e nunca terá fim. É responsável
por chacinas, produzindo números que impressionariam Al Capone, fazendo
do Brasil um campeão de violência. - O custo da maconha,
baixo na produção, mas elevado pela dificuldade na comercialização, induz
pessoas à prática de crimes para se obter dinheiro, ou a experiências
perigosas com outros produtos: craque, solventes, fungos, floripom, xaropes,... - A comercialização em
“bocas” expõe os usuários a contatos perigosos e facilita a cooptação para o
crime. - O consumo proibido pode
propiciar chantagem, hipocrisia, dissimulação e outras atitudes anti- sociais. - O ato de fumar maconha
é “bandeiroso”, fumaça e cheiro, denunciam. Por ser proibida, alguns fazem
opção por drogas de consumo discreto, embora muito mais poderosas. - O consumo da maconha em
ambiente hostil, leva a viagens desagradáveis ou destrutivas. - O consumidor é
discriminado o que gera conflitos familiares e sociais graves. - A dificuldade na
comercialização e ocultação de equipamentos próprios para seu consumo, como o
narguilé, impôs o uso dos cigarros e baganas, expondo o consumidor a riscos
semelhantes aos do tabaco, como a aspiração de fumaça quente e falta de
controle na dosagem. - A qualidade do produto
não é inspecionada, a conservação e embalagens são improvisadas, facilitando
contaminação por agentes como os fungos, fezes, urina e insetos. - O governo nada lucra em
impostos e a proibição propicia uma reserva de mercado para traficantes. - O efetivo policial
destacado para combater o plantio, tráfico e consumo da maconha, poderá ser
remanejado para áreas de maior interesse social. Impostos cobrados, investidos
em educação e recuperação de drogados. - Difundida no Brasil nos
anos 60, duas gerações de consumidores poderão sem risco, oferecer seus
depoimentos à pesquisa. - Cultivada
tradicionalmente no Nordeste, poderá representar fonte de emprego e renda em
área carente. - As campanhas antidrogas
do governo passarão a desfrutar maior credibilidade. - A proibição, como a
ética, é produto de um tempo em evolução, deve acompanhar as transformações do
ambiente e avanços das ciências. A prisão de usuários pode representar danos
irreversíveis. - Glaucoma, insônia,
rancor, tabagismo e alcoolismo, tendem a desaparecer entre os consumidores de
maconha. Ela tem se revelado auxiliar eficiente para doentes terminais. - Hoje sabemos que a
maconha é concorrente das drogas e não porta de entrada. Inibe inclusive o uso
de álcool. - Enquanto universitário,
observamos que o uso da maconha era mais difundido entre os alunos do curso de
medicina, do que de qualquer outra área. Estudávamos Farmacologia e Medicina
Interna, onde não há restrição. - Não há registro de
morte por overdose de maconha. Entretanto há inúmeros registros de mortes por medicamentos
comprados em farmácias. - Descriminada a maconha,
vamos descobrir que há anos convivemos com usuários em diversos setores de
atividades, sem problemas. Com estas reflexões, pretendemos mostrar que o maior problema
com a maconha não é tóxico, mas sua proibição, e colaborar com o Ministério da
Justiça, na solução de uma questão dramática, séria e urgente. Nosso
conservadorismo, conveniência política, ou covardia, tem causado mortes,
exposto pessoas a riscos e contribuído para a violência. A generosidade maior não está na caridade, mas em se doar,
conversando com as pessoas sobre seus problemas, nossos problemas, e o mundo.
Generosidade é, portanto aproximação, amor ao próximo. Kleber Galvêas – tel.: (27) 3244 – 7115 ateliegalveas@gmail.com www.galveas.com janeiro, 2000.
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