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TRABALHA E CONFIA NA JUSTIÇA

 

O patético discurso enrolado que o financista-mor do Brasil, o brilhante ministro Meireles apresentou na TV (JN. 30-12-16), justificando o tratamento dado a SP, MG, RJ e RGS, causou espanto. Foi uma retórica primitiva que beira a selvageria. Seria o estopim de uma revolta? Lembre-se de 1932, nessa revolução o nosso Homero Massena foi Oficial de Ligação dos generais Palmério (caboclo) e Euclides de Figueiredo (pai do ex-presidente).

Será que se pretende apagar o fogo das fornalhas que alimentam as quatro locomotivas que impulsionam a economia nacional?  Esses Estados, desde o século passado praticamente carregam o Brasil nas costas. Enviam para o governo federal recursos muitas vezes superiores ao que recebem como investimento do governo federal. O pobre ES não consegue que o governo invista aqui nem 10% do que enviamos para ele. Já os Estados do Norte e Nordeste do país, que pouco contribuem para o bolo federal, sempre conseguem resgatar do governo central fatias muitas vezes superiores à contribuição que fornecem.

Se os Estados ameaçados de punição resolvessem, como um potro enfezado, sacudir de suas costas os Estados montados, a situação ficaria dramática.  Espero que nosso Estado esteja do lado deles, pois o ES é, também, vítima da repartição maluca do Tesouro Nacional.

Tímido, covarde sem imaginação e disposição para o trabalho, encarado com desconfiança por seu provincianismo, prevaricação, insegurança, personalidade pública distante da sua identidade, desprezando seus valores e a própria vocação, o homem pobre fica imobilizado, em estado de inanição. Embora a sua casa seja a única do país que nunca foi ocupada por uma força estrangeira, e ter repelido os piratas com bravura, o pobre homem esqueceu a altives da sua história e se acovardou. Com os parcos recursos glorifica a sua pobreza e inação, exaltando sua hipotética independência, se vangloria por não dever a ninguém, ter seu barraco arrumado e seus servidores felizes, com seus salários em dia.

Conta a lenda, que os filhos de Ismael (árabes) chegaram até um agiota pedindo um empréstimo, a fim de pagar seus empregados e manterem seus palácios. Pediram 10, mas cada um levou apenas 5. Saíram felizes, haviam garantido o conforto para o próximo ano. Pagaram as despesas pessoais e nada investiram. Na hora de pagar o empréstimo o dinheiro veio do empório, onde venderam objetos do palácio, entrando assim na área do comércio. Atividade lucrativa que desenvolveram muito bem. Os filhos de Isaac (judeus) pediram 100 ao agiota e esse emprestou 150 para cada um. Garantindo uma margem de segurança para quem estava pensando grande, e para que o elevado capital investido retornasse acrescido de juros. Capitalizados e tendo aprendido a lidar com os empréstimos, eles institucionalizaram a agiotagem e se fizeram banqueiros. Lucrando com o trabalho do empresário e a atividade comercial, setores que passou a financiar.

Dever é um privilégio. É ter a confiança dos credores, ter crédito na praça, poder investir. É evoluir, conseguir manter suas atividades desembaraçadas. As capitais desses Estados passaram por grandes transformações em curto espaço de tempo. Investiram pesado. Infelizmente sabemos que muito do capital levantado para esses investimentos foi desviado, administrado sem o devido cuidado e a roubalheira foi à mão grande.

Investigar, para recuperar a grana desviada, apontar os ladrões e os irresponsáveis, aplicar punições exemplares aos verdadeiros culpados é o correto. Aliviar o povo desses estados, lembrando-se da contribuição que oferecem ao bolo nacional e a disposição que têm para o trabalho, é justo.

Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com janeiro, 2016

 

 

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