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SEXO E VIOLÊNCIA


Entre as instituições sociais das civilizações, a família é a que melhor reprime a violência. Estatísticas apontam que as famílias estão se constituindo cada vez mais tarde e demoram a ter filhos. Seu Alcides, conguista e barqueiro do Rio Jucu, com 96 anos, contava: “Com 12 anos botei mulher no meu poder, barquejava no Jucu, construí minha casa lá no Zenza, fiz o fogão e a cama. Hoje não sei como o povo se aguenta.”

O núcleo familiar envelheceu muito rapidamente nos últimos 100 anos. Precisa rejuvenescer, para pacificar corações e propiciar harmonia.

Para minimizar a violência, não adiantam métodos tradicionais, testados em todos os lugares ao longo de milênios. É preciso inovar, injetando felicidade nas raízes da árvore social, cujo pivô é o sexo, segundo Freud. Conjugar amor e sexo é mais que perfeito. Porém sabemos que são atitudes independentes. A pílula revolucionou costumes a partir dos anos 60, e o sexo inconsequente, sem lógica e produto (isto é, amor e reprodução), ganhou espaço. Criamos até o neologismo semântico: ficar! Promover o amor simplificando o sexo. A lição de carinho dos hippies precisa ser compreendida como estratégia contra a violência. Quem está bem tende a fazer o bem.

 Muito antes de existir o Homo sapiens sapiens, antes de qualquer manifestação artística ser esboçada, nossos antepassados já se reproduziam. O primeiro ser é o “primeiro” porque foi capaz de cruzar e ter descendentes férteis. Sexo é função natural, tão essencial à vida quanto respirar ou digerir, se observamos além do nosso umbigo, pela perspectiva da conservação da nossa espécie. Os humanos privados dos 5 sentidos conseguem sobreviver. Sem sexo, desaparecerão.

Prazeres obtidos através dos órgãos dos sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato) são discutidos, mas em geral não são reprimidos. Podemos ver, ouvir, comer, tocar e cheirar com tranquilidade, sem constrangimento. Complicamos de tal maneira o sexo que dessa atividade orgânica falamos e a analisamos mais do que a fazemos naturalmente. Nas disputas para acasalamentos os animais revelam disposição em deixar a segurança para lutar por esse objetivo. O derrotado se retira. Isso não acontece entre civilizados. Na vitória não se garante a paz, o respeito do vencido. Muitas vezes a conquista é letal.

Não existe maior insatisfação do que a prisão, a falta de liberdade. Nenhuma prisão é mais eficiente do que aquela que criamos para nós mesmos. Nossa hipocrisia fez do sexo um cativo da honra, da religião, do costume e da ignorância. Reprimido, tem semeado dor e desamor. Uma sociedade sexualmente bem resolvida converte seus membros à religião da paz e do amor. Amor e sexo vão encontrar-se e ajudar a pacificar o mundo.

A paz duradoura e universal não se consegue com guerras e orações, nem com decretos, mas com a soma de corações cheios de felicidade.

Kleber Galvêas – pintor Tel.: 3244 7115 ateliegalveas@gmail.com www.galveas.com

 


 

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