Pinturas |
REFLEXÕES
SOBRE ARTE ATUAL As pinturas
rupestres ou pré-históricas, reveladas ao público no séc. XIX, foram de
início
apontadas pelos darwinistas como fraudes dos criacionistas (aqueles que
acreditam que animais e plantas foram criados por Deus exatamente como
são hoje).
Os acusadores, imbuídos de espírito evolucionista, supunham que o homem
primitivo não teria capacidade de criar arte impressionista,
expressionista e
abstrata, como aquelas encontradas em cavernas datadas de cerca de 30
mil anos.
Darwinistas tentavam sustentar a hipótese de uma linha evolutiva
artística
semelhante à da evolução biológica. Após datações confiáveis,
comprovando
autenticidade e sequenciamento das pinturas rupestres encontradas em
diversas
cavernas de diferentes regiões, uma linha evolutiva coerente e
progressiva para
a arte mostrou-se improvável. Nos tempos
modernos, enquanto impressionistas buscavam inspiração e informações
técnicas
na antiga japonaiserie, e o Artista
Picasso encontrava na primitiva Arte Africana inspiração para a
explosão
expressionista, os Futuristas de Marinetti propunham desviar o curso do
rio Sena,
para que suas águas “arrastassem para o mar as velharias contidas no
Louvre”. Mestres das
nossas academias de belas-artes, curadores e galeristas mal-
informados,
travestidos de futuristas contemporâneos, corroboram o entendimento
equivocado
do caráter substitutivo da Arte Contemporânea e não o de evolução
cumulativa e
multilateral da Arte Atual. Assim, a pintura de paisagens, última
temática
incorporada ao universo pictórico ocidental (Holanda, séc. XVII), é por
eles
apresentada como coisa obsoleta. Embora toda paisagem, pintada de
maneira
autêntica, contenha enorme carga de subjetividade do pintor, ele, em
sua tela,
plasma uma impressão honesta e pessoal do seu tempo. Por essa razão, a
paisagem
e as diferentes representações artísticas são atemporais, para nossa
apreciação.
Nós nos emocionamos, apreciando arte rupestre, asiática, egípcia,
grega,
romana, francesa, americana... O caráter substitutivo defendido por agentes da arte contemporânea encontra eco em compradores da classe média, novos-ricos, principalmente americanos, que são manipulados por curadores, leiloeiros, marchands, e seduzidos pelo consumismo da novidade, ainda que enjambrada. |
Arte é o
tipo de relação subjetiva que se estabelece entre a peça, concreta ou
abstrata,
produzida pelo artista, e o observador. Enquanto alguns curtem o som
explosivo
de uma babel cacofônica, dançando com prazer a noite toda; outros, após
longa
fila, conseguem chegar perto para ver a Mona Lisa, e, segundos após
encarar a
pintura famosa, dão de ombros e viram as costas para a tela. Gosto não
se
discute. Leonardo da
Vinci sugeria a seus contemporâneos que apreciassem a beleza das
manchas e
desgastes dos antigos muros romanos. Marcel Duchamp, com seu mictório
(“fonte”)
pendurado na parede de uma galeria de arte, pretendeu despertar nossa
atenção
para os fatos estéticos que vivenciamos no cotidiano sem lhes dar
atenção. A
arte acontece quando a manipulação do tempo e espaço pelo homem
sensibiliza
outro homem, evolui e se acumula enriquecendo nossas vidas. Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com |