Pinturas |
O CAPIXABA E A PINTURA Em A Tribuna (01–10–1939), o famoso ilustrador Oséas
Leão publicou artigo a respeito dos artistas capixabas que participaram do 2º
Salão de Belas Artes, promovido pela Casa do Estudante em Vitória: “Possuímos
talentos capazes de imortalizar, nas telas, as belezas incomparáveis de nossa
terra, seus usos e seus costumes.” Treze artistas participaram desse salão, segundo “Dias Antigos” – Livro
de Renato Pacheco: Levino Fanzeres, Álvaro Conde, Oséas Leão, Ocinha Leão,
Leonor Bortezzi, Alvimo Pinto, Onélio Santos, Aldomário Pinto, Nair Buaiz,
Aelson Trindade, Luiz Fraga, Eduardo Aguilar e Homero Nascimento (designer pioneiro
no Espírito Santo). A presença de Levino Fanzeres bastaria para validar aquela declaração de
Oséas. Fanzeres representou a pintura nacional nas grandes exposições:
sesquicentenário da independência dos EUA, centenários das independências da
Argentina e do Brasil. Na última exposição (1922) mostrou “A Partida de
Arariboia”, tela de grande formato, que foi encomendada ao artista pelo governo
do ES, e que pode ser vista na entrada principal da Assembleia Legislativa. O
cenário, nessa tela, mostra a Prainha, VV, antes de ser aterrada. Levino Fanzeres (Cachoeiro de Itapemirim, 1884) fundou a “Colmeia
Artística da Quinta da Boa Vista – Rio de Janeiro”, escola-livre de pintura que
atraiu e formou discípulos famosos de todo o Brasil. As obras dos treze artistas capixabas, na exposição de 1939, foram
apreciadas por apenas 21 visitantes. Em A Tribuna de
29-12-1939, o jornalista Lindolpho Barbosa Lima afirma: “faltou incentivo do
público”. O correto seria: faltou incentivo público e não do público, que
precisa ser informado. A ação do governo (“valorização e difusão da Arte”) é dever
constitucional do Estado (Art.215 e 216 da Constituição); o da mídia
(informação de interesse público) é obrigação moral. Um povo despreparado e
desinformado fica à margem de uma cidadania plena, e, sem público, a arte não
acontece. O tempo passou (80 anos), e a indiferença do capixaba para com a cultura
local não mudou. A relação com o governo, com empresas e com a mídia piorou
muito. Oxalá soprem bons ventos após as eleições. Kleber Galvêas – pintor - tel. 3244 7115 www.galveas.com ILUSTRAÇÃO: “Cais de Paul”, 1965. Kleber Galvêas. Eu tinha 17 anos
quando pintei essa tela. Kleber Galvêas, pintor Tel. (27) 3244 7115 ateliegalveas@gmail.com www.galveas.com Na
primeira página e na página 3 do C2 de domingo, A Gazeta, tem um monte de
"patacoadas" dos nossos editores de livros e da Mariana Perim,
jornalista que entrevista os descuidados. "Dura Realidade" é o título
da matéria. Incrível como tantos entrevistados, editores de livros capixabas,
que vivenciam o problema, que os está sufocando, não enxergam a sua causa real,
e como a jornalista não faz um MEA CULPA. Ao contrario de
vários Estados (Minas, Bahia, Goiás, Ceará, Paraná,...) e mesmo muitas cidades
brasileiras (Rio, Manaus, Porto Alegre, Juiz de Fora, Carangola,...) a nossa
mídia provinciana massacra os escritores locais. Besteróis
alienígenas são consagrados a cores na primeira página dos nossos jornais e
ocupam tempo expressivo na televisão, com o entrevistador se derretendo em
elogios, enquanto nossos jornalistas ignoram a produção local, não leem, não
ouvem e nem veem os conterrâneos e, quando muito, destinam a esses um tijolinho
frio na quinta
página.Consolidam,
na mente do capixaba a ideia de que os outros são importantes, têm destaque
merecem serem lidos e os de casa, quinta categoria merecem o
desprezo. Tom
Jobim dizia "Fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal" Aqui no ES é
pena de morte ou no mínimo ostracismo. Abraço, Kleber
|