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Utilidade pública - MODA SURF: beleza, necessidade e
inconvenientes. Sou fã da moda surf. As roupas coloridas e o desenho das peças logo provocou ampla
adesão. Bermuda tem tudo a ver com o espírito, o clima e o bom gosto dos
capixabas. A calça comprida foi quase abolida na cidade. Passou a frequentar
apenas igrejas, empresas, repartições públicas e eventos formais. Essa moda caiu como uma luva, para os surfistas: bermudas
protegem suas coxas de assaduras severas, consequência do atrito, durante as
remadas, com a resina que forra as pranchas de poliuretano; evita que os
cabelos das coxas sejam arrancados, se presos na parafina aplicada
com abundância sobre a prancha, para evitar escorregões. O uso das bermudas se universalizou, deu proteção a alguns e coloriu
a cidade. Entretanto banhistas, não surfistas, passaram a adotar a bermuda para
simples banho de mar. Surgiu um inconveniente. Meu pai e meus tios estudaram no Rio nos anos 1940. Desde então
eles sempre usaram sunga para ir à praia. Minha mãe comprou sunga para os
filhos e nos ensinou a lavar a sunga durante o banho, para tirarmos o sal. Era
muito rápido e fácil. Meus filhos, quando crianças, foram educados no mesmo sistema.
Na adolescência se rebelaram e passaram a usar bermudas para surfar, mas também
para “pegar jacaré” e tomar simples banho de mar. As bermudas chegam aqui em casa cheias de areia, dando muito
mais trabalho do que o dispensado às sungas e, pelo acúmulo da areia que
liberam, causam entupimento em ralos e canos; suas cores desbotam, raramente
resistem ao sol intenso, sal, cloro e constantes lavagens; exigem mais tempo de
secagem; são frequentes os reparos e gastamos muita água na sua dessalinização.
Uma moda tão bacana não pode ter o estigma desses problemas
Principalmente, não desperdiçar água. Lentamente a sunga vem retomando seu espaço nas praias
frequentadas por banhistas mais esclarecidos. Isso não representa prejuízo para
o comércio da moda surf. Com muita propriedade ela tem avançado e ocupado novos
espaços nas atividades sociais, profissionais e até em casamentos. Um jornalista competente e respeitável compareceu de terno ao
casamento do sobrinho realizado na igreja, às 11 horas. Depois, de bermuda,
dançou descontraído entre vestidos longos e ternos com colete, na recepção em
sítio da família. Muita gente desprevenida e suada ficou com inveja dele
durante aquela festa. O sol estava quente ao meio dia, em Guarapari. Estar bem-vestido é portar roupa confortável, que não atrapalhe
a atividade, propicie alegria e, no caso, economize tempo e água. Kleber Galvêas, pintor.
Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com janeiro, 2016 |