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MÍDIA E RELIGIÃO: INDEPENDÊNCIA.


Quando os pães e peixes foram levados ao altar, “multiplicados” (prefiro somados) e distribuídos ao povo, não houve atividade econômica que justificasse a cobrança de impostos pelo governo. Receber doações e distribuí-las aos necessitados são práticas (virtudes) genuínas das três grandes religiões monoteístas: cristianismo, islamismo e judaísmo. A entidade religiosa que mantém essa tradição é ética (segue o costume); a que não a observa, privilegiando a atividade econômica e praticando política partidária na relação com os seus adeptos, desvia-se da tradição religiosa e, por isso, nas operações estranhas à sua área e finalidade, deve incidir a cobrança de impostos. “Dai a César o que é de César”. Se a moeda tem a sua imagem, enquanto ele proteger e gerenciar as atividades econômicas de um povo é justo, que impostos sejam recolhidos.

Pastores, padres, rabinos, mufitis e demais mentores da fé, pela dedicação às atividades em suas religiões, devem ser remunerados, para que possam usufruir uma vida privada digna, sem ostentação, como aconselha o Papa Francisco e demais líderes religiosos éticos.

É próprio e justo que líderes estimulem os fiéis a contribuírem para o progresso de suas crenças, mas jamais insistindo no dízimo (dez por cento) dos seus ganhos. Quando esse percentual foi estabelecido, as igrejas, templos e mesquitas tinham múltiplas funções sociais, gerenciando: orfanatos, hospitais, escolas, tribunais, cartórios, bibliotecas, mecenato, informações, amparo a viúvas... Essas atividades foram encampadas, direta ou indiretamente, pelo Estado, que as mantém com o imposto arrecadado. Cada fiel deve contribuir de acordo com o seu grau de interesse, capacidade e de forma espontânea, jamais ser coagido a colaborar, muito menos a troco de “intermediação especial” com o divino.

Religião e Mídia são atividades sociais de grande relevância política. Seu maior patrimônio fica prejudicado quando se submete a pressões do governo ou dos anunciantes. O caminho reto da Ética das religiões pode ser o mesmo da mídia, e ambas deveriam receber o mesmo tratamento politico, quanto a obtenção de recursos e isenções fiscais. No mundo atual, a mídia é responsável pela difusão da informação, propiciando conhecimento com amplitude e em diferentes perspectivas do que acontece distante ou em nosso quintal. Facilita e enriquece a nossa existência no “dia a dia”, assim como a religião, que procura nos aproximar do divino e a nos preparar para a “vida após a morte”. A vida, aqui e agora, tem exigido de todos nós atenção contínua, quase absoluta, tornando a informação cada vez mais necessária. Todas as religiões já compreenderam esse formidável componente do mundo atual e investem em programas e veículos próprios.

Uma Mídia independente, sem pressões do setor financeiro da própria empresa e livre de seduções políticas, também deveria receber contribuições espontâneas e ser isenta de impostos. Assim como a Religião, cumpre atividade social inadequada às funções do Estado.

A Religião é de interesse social. A Mídia é utilidade pública. A Proclamação da República libertou a Religião do Estado. A Mídia encontrará a saída?

Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com ateliegalveas@gmail.com


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