HÁ POLÍTICA?
Quando empresas, política ou Estado, nascidos da Sociedade, a ela se
sobrepõem, configura-se o crime político organizado.
Logo que dispuseram de terras férteis/sementes, pastagens/animais domésticos
e, nesses ambientes, desenvolveram habilidades para agirem (tecnologia, transporte,
comércio), os homens foram capazes de produzir excedentes, fixar-se e
multiplicar-se, em espaços geográficos determinados, formando
sociedades cada vez mais amplas. Logo surgiram aldeias, vilas, cidades, estados
e impérios. Havíamos adquirido uma arma poderosa e inigualável
capaz de juntar e motivar indivíduos para aventuras complexas em conjunto:
– a linguagem. Essa capacidade possibilitou sofisticar a convivência,
organização e, o aparecimento de lideranças com autoridade,
racionalizando o poder.
Na medida em que os agrupamentos humanos se desenvolveram surgiu a necessidade
de uma instituição capaz de gerenciar (leis), as relações
entre cidadãos (e desses com o Estado) considerando a priori os princípios
da ética e tendo a razão como norma e fim.
Nasceu a ciência política e com ela a polícia de Estado,
para garantir a ordem assegurando o cumprimento das leis. A polícia,
como órgão preventivo e defensivo, atua para manter o estado político
vigente. Quando a liderança que a controla exerce o poder sem autoridade,
pode promover o crescimento, mas inviabiliza o progresso. Em situações
extremas (ditaduras) a polícia se constitui num Estado dentro do Estado.
É o retrocesso à barbárie.
No mundo globalizado, em rápida evolução, o fenômeno
político representa um contínuo vir-a-ser, impulsionado por forças
sociais e políticas que, na atualidade, refletem tendências arrivistas
(pessoais) e apriorísticas (partidárias) em detrimento do aprimoramento
da instituição. Essas tendências aparecem nas democracias
atuais; nos desvios para o culto da personalidade do líder e na sua perpetuação
(expondo a precariedade da instituição política). Esses
governantes não são da cidade, Estado, União, mas do partido
“A”, “B” ou “C”, e eles têm donos.
A liderança com base na autoridade (adquirida pela competência,
dedicação e disposição para servir) deu lugar ao
poder (que diferente da autoridade, pode ser tomado ou comprado) conquistado
pelo engodo, demagogia ou pela força. A história mostra que isso
nunca deu certo. Tal como o vistoso ídolo de pés de barro que
desmoronou, carece de base consistente (ética) para sua sustentação.
É consenso ser a democracia a melhor forma de governo e a política
partidária sua sustentação, fermento e guia na evolução.
Entretanto, lamentamos a morte da prática partidária. Partidos
sem ideologia funcionam como balcões de empregos e de negócios
privados. “Metamorfoses ambulantes” fazem coligações
impróprias em diferentes níveis de atuação. Distribuem
cargos públicos, esmolas e seduzem; ao invés de promoverem o debate
das idéias e consolidação da autoridade.
Nesse ambiente onde floresce a “politicagem” (prática desavergonhada,
mesquinha e ordinária) e o “fazer política” (atendimento
preferencial às conveniências da sua agremiação)
prospera o “crime político organizado” (cometido contra as
instituições políticas) corrompendo partidos, representando
farsas nas eleições e elegendo os “criminosos”, sem
oposição. O valor das idéias, do caráter, da disposição
para o debate e aprendizagem desapareceu dos grêmios, diretórios,
sindicatos e partidos. Morreu a política?
Kleber Galvêas, tel 3244 7115 www.galveas.com ateliê@galveas.com
09/09