FÉRIAS FORÇADAS

Pintor não tem férias nem aposentadoria. Enquanto o braço for firme e os olhos acompanharem os movimentos da mão levando tinta no pincel, da palheta à tela, trabalha! Sua tarefa é agradável e as realizações tão compensadoras, que descuida privilégios de períodos especiais para descanso.
Homero Massena, 89 anos, internado pela última vez devido ao câncer que obstruíra seu intestino, ao saber que seria operado pediu para passar um dia em casa. Com grande desconforto físico trabalhou incessantemente no seu atelier, retocando algumas pinturas que integram a coleção do seu museu na Prainha, Vila Velha. De volta ao Hospital da Associação dos Funcionários Públicos do ES, deixou flores pintadas na parede, que alcançou da cama.
Sou pintor e estou de férias!
O excessivo calor dos últimos dias seca as tintas colocadas na palheta, antes da mistura ficar homogênea e a cor estar pronta. Há também o incômodo do suor, que desce pelas costas de quem pinta com luz natural e ao ar livre.
Nestas férias “forçadas” que desfruto, encontrei compensação revendo filmes e lendo livros. Entre estes, recomendo dois filmes americanos e dois livros capixabas. Muito oportunos, neste ano eleitoral.
Livros:
- “O MISTÉRIO DE MABUS - A escolha que vai mudar a sua vida”. Idalécio Carone Netto e Laércio Campos.
Ficção. Bastidores da eleição de um presidente. Frases colhidas: “Partidos políticos não são mais que agremiações que servem para separar o cidadão do poder”. “A questão é que os homens criaram as religiões não para se aproximarem da divindade, mas para serem servidos por ela”. “Sou eu quem manda nesse partido e posso acabar com você quando quiser”. “As pessoas preferem mentiras cobertas de mel, a verdades salgadas”. “Se é tão inteligente, por que faz questão de não entender que só aderindo ao sistema poderemos tirar proveito dele”? “O conhecimento que havia obtido era um tesouro apreciado por poucos”. “... as pessoas esquecem ou perdem o interesse por um assunto depois de três semanas sem novidades”.
- “POIS É, POR QUÊ? – Para mudar a política, para mudar Colatina”. Adilson Vilaça.
“Romance biopolítico”. Histórica eleição de um cidadão pouco conhecido, filiado à oposição, para prefeito de Colatina, ES. Frases colhidas: “Um desalento monumental esculpira na juventude colatinense um incomensurável enfado pela política”. “Portanto era preciso arquitetar uma carreira política que não levasse os eleitores à decepção, que não servisse mais um copo de mágoa para os cidadãos”. “Romper a letargia seria um passo inicial decisivo; devolver a esperança, outro; e com esses dois passos, pé após pé, se faz uma mobilização”. “E sistematicamente alertava que o futuro poderia não ser o que costumava ser”. “... o melhor candidato, mas sem chance, no mês de junho tinha 0,5%,... em setembro 8%, (Ele me ofereceu um pacote de dinheiro para eu desistir... Uma coisa muito desagradável)... em outubro venceu com 20,6%”.
Filmes:
Dramas sobre jornalismo, política e corrupção, apresentados com originalidade, força, equilíbrio e elegância.
- CIDADÃO KANE, de Orson Welles (26 anos), inspirado em Randolph Hearst, magnata da imprensa americana. Arrebatou o primeiro oscar para filme político em 1941.
- A GRANDE ILUSÃO de Robert Rossen, inspirado em Kingfish, governador da Louisiana e senador dos EUA. Conquistou três oscars em 1949.