Pinturas |
Calçada e Púlpito Lançando o livro “Identidade Capixaba”, um dos lugares que escolhi foi
em frente ao Correio, em Vitória. Quase apanhei do “dono da calçada” armado com
um macaco de fusca. Ele só ficou tranquilo quando, na conversa tensa que
tivemos, mencionei que a TV Educativa vinha filmar. A partir dai conquistei um
parceiro que me ajudou muito naquele dia. Ninguém duvida do poder da mídia para conceber,
gestar, desenvolver e dourar uma ideia. Quando ignora um evento que se pretende
artístico (sensibilizar pessoas), pode matar a arte no nascedouro. Não havendo
crítica (positiva ou negativa), a única opinião percebida pelo artista é a da
sua frustrante insignificância. Antes da mídia moderna, as igrejas eram as
grandes difusoras. Sermões dominicais magníficos eram elaborados durante toda
uma semana (jornalistas têm que fazer vários por dia), e o pregador, contando
com total atenção, sensibilizava os fieis. Padres e pastores, com sólida
formação acadêmica, se revelaram grandes artistas, propagando ideias em suas
regiões. Em 2011 o cartaz da Campanha da Fraternidade mostrou chaminés de siderúrgica expelindo fumaça preta e
a frase: “A criação geme como em dores do parto”. Em 2012, o lema da
Campanha, “Que a saúde se difunda sobre a Terra”, não foi desenvolvido na Festa
da Penha, como sempre acontecia. Escolheram para essa festa: “Maria, Mãe de Jesus o Cristo
da Paz”. A Vale, que havia conquistado o “Oscar da Vergonha Ambiental”,
patrocinou-a. O lema da Campanha
da Fraternidade desenvolvido em Festa da Penha anterior, 2010 — “Vocês não
devem servir a Deus e ao dinheiro”—, foi esquecido. Milhares de fitinhas com o
nome da empresa foram distribuídas aos romeiros, em 2012. Políticos
têm suas tribunas oficiais. Como ouvir deles uma voz sonora, se a conta de seus
partidos está abastecida com contribuições generosas das poluidoras? Exposições itinerantes, inclusive
na rua durante a Festa da Penha, e a Internet, permitem que muitos vejam as
telas desenhadas com a poluição atmosférica. Com tantas e importantes omissões, nossa provocação artística, com 19 anos, ainda é necessária. Kleber Galvêas, pintorr. Tel.
(27) 3244 7115 www.galveas.com ateliegalveas@gmail.com março, 2015 |