Pinturas

Atividades

Restauração

Artigos

Biografia

Mestres

História

Contato

Shopping

English

Documentos

Home

BARRAGENS E EDUCAÇÃO

Entre algumas tentativas de escapar da sina de ser pintor (Medicina, Economia, Empresário), fui professor de Ciências por 5 anos: Polivalente de Itaparica, Instituto de Educação – Praia do Canto e treinamento de professores de Ciências em Vitória, Serra, Mantenópolis e Vila Velha.
Acreditando que o melhor método para preparar nossos alunos para serem produtores de conhecimentos e não simples reprodutores do já conhecido, iniciava o ano letivo falando dos filósofos Pré-Socráticos, do megatério (preguiça gigante) e do alumínio. Com o intuito de fixar os passos da investigação científica, fazia uma experiência muito simples: encostava um cigarro aceso em uma flor de picão amarelo ou em uma de manacá e essas, instantaneamente, mudavam de cor. A tarefa dos alunos era investigar por que o fenômeno da mudança de cor acontecia. Várias aulas transcorriam, levantando-se e testando-se hipóteses, até encontrar-se a solução.
Na saudosa Escola Polivalente, no período em que lecionei, dava aulas para 20 alunos por vez, e todas elas dentro de um laboratório muito bem montado. Quando, na mudança do governo, a escola sofreu reforma brutal, impossibilitando essa prática pedagógica, pedi exoneração.
Os Pré-Socráticos eram apresentados como filósofos empíricos, pré-científicos. O megatério era apresentado para ilustrar a importância da informação para enxergamos com qualidade.
A história do megatério ou preguiça gigante americana era, em resumo, contada assim: uma família austríaca, que frequentava o Museu de História Natural em Viena, emigrou para o Brasil. No Paraná tornaram-se agricultores. Certa vez, após uma chuvarada, um de seus porcos não retornou ao chiqueiro, e foi encontrado mais tarde preso pelo focinho em algo que parecia ser o buraco em uma pedra. Removida a pedra para libertar o animal, logo os agricultores perceberam tratar-se de uma vértebra fóssil de um animal gigante. Novos ossos foram encontrados no local. Feita a análise, perceberam tratar-se de partes de um megatério. A história ilustra a importância de se adquirirem conhecimentos para enxergarmos melhor e saber distinguir as coisas.
A história sobre o alumínio começa lá no Egito. Joias feitas com esse elemento metálico, o mais abundante na crosta terrestre, foram encontradas em pirâmides e ricos túmulos egípcios. A dificuldade em se obter o alumínio, separando-o do minério bauxita, tornava sua aquisição um privilégio dos muito ricos, pois era mais valioso do que o ouro.
Em 1886, poucos meses após sua formatura em Oberlin College, Ohio, EUA, Charles Martin Hall, com 23 anos, descobriu o método eletrolítico de separação do alumínio da bauxita, o que barateou significativamente a obtenção desse metal, que hoje está presente em numerosos objetos que usamos no cotidiano. Em agradecimento aos ensinamentos obtidos e ao uso que fez do laboratório da escola, mesmo depois de formado, Charles Martin doou significativo capital para a ampliação da sua antiga escola. Essa história ilustra a importância do aluno que busca novos conhecimentos.
A obtenção do alumínio continua a demandar quantidade expressiva de água e a construção de barragens para conter rejeitos, que são tão perigosas quanto a de Brumadinho.
Escolas, como as antigas Polivalentes, funcionaram bem por apenas 4 anos. Se existissem no Brasil escolas e universidades que estimulassem a pesquisa original para enfrentar nossos problemas, talvez conseguíssemos criar métodos que não demandassem tanta água na obtenção do alumínio e do ferro, maneiras para aproveitar rejeitos, e assim teríamos represas mais seguras economicamente viáveis.
Isto é possível! O melhor que temos no Brasil é o brasileiro, nato ou o importado adaptado. Ambos muito mal aproveitados. Nós somos desacreditados pelo governo e pela mídia nacional. Há que se fazer sucesso no exterior para obtermos atenção em casa.
ASSISTA AO VÍDEO DE 23 segundos.
Favor compartilhar. Grato, Kleber

Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 ateliegalvêas@gmail.com

VOLTAR