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ARTE E VIOLÊNCIA

 

Provocar, interessar e sensibilizar pessoas pela vivência de diferentes expressões artísticas pacifica inclusive o ambiente doméstico. Isso se faz através dos diferentes tipos de Arte do espaço ou do tempo, mas Arte só acontece quando alguém aprecia obras criadas pelos artistas e necessariamente captadas por um dos sentidos do observador. Não existe Arte sem público.

A natureza da Arte não está na obra em si, mas na relação obra/observador.  Daí o grande interesse dos artistas pelo público e pela crítica.

Ser artista não é pertencer a uma classe especial de homens, mas ter atitude e interagir, pois todo homem comunicador é um artista especial.

Segue um exemplo de como a vivência de experiências artísticas e o interesse por elas são úteis à nossa percepção do mundo, melhorando nosso cotidiano:

As famílias “A” e “B” moram nos apartamentos “1” e “2”, na cobertura de um prédio. Ambas gostam de esporte, shopping, igreja, parque de diversões, praia... Os filhos estudam na escola do bairro, e os pais têm empregos equivalentes. Vizinhos de porta têm ótima convivência no corredor, no elevador, na área de lazer e nas confraternizações, mas sem intimidade.

Nos dois apartamentos, quando as famílias “A” e “B” lanchavam, para saírem para mais um dia de escola e de trabalho, acidente semelhante ocorreu nas duas mesas: o café foi entornado sobre as toalhas.

A família “A” arma o barraco condenando veementemente o infrator. Discute sobre falta de modos, trabalho adicional, preço da água e sabão, fatos desagradáveis do passado... E a discussão continua dentro do carro na saída da casa. O motorista, com a atenção prejudicada, bate no ônibus estacionado. Todos lamentam o prejuízo e o incômodo, esquecendo-se do café derramado.

A família “B”, além das atividades em comum com os vizinhos, gosta de frequentar museus, exposições de arte, bibliotecas, teatro, audições de música e de poesia, e de conversar sobre esses assuntos. Quando a mancha de café se espalhou sobre a toalha, alguém apontou a semelhança dela com uma pintura vista por todos em exposição recente. O diálogo transcorreu sobre a beleza dos castanhos da mancha, sobre nuances, sobre formas que surgiram e suas metamorfoses.

Conscientes do trabalho adicional de lavarem a toalha, o acidente em “B” não extrapolou a sua própria dimensão. Antes propiciou momentos agradáveis de percepção estética e convivência. Tendo a sensibilidade lapidada pela Arte, a família “B” chegou tranquila à escola e ao trabalho. Com espírito leve e agradável sensação de paz, iniciou um bom dia.

Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 ateliegalveas@gmail.com www.gaqlveas.com 

 

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