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ARTE, COMÉRCIO E PRECONCEITO.

 

Uma galeria de arte não é simplesmente um estabelecimento comercial. Pelo menos aquela que recebe com interesse qualquer visitante para mostrar o acervo e o faz sem nenhum compromisso comercial.

O que diferencia uma galeria de arte pública de uma particular?

Em galeria particular, caso haja venda, fica-se com um percentual; na pública, confisca-se uma obra do artista expositor independentemente de venda.

A galeria particular se mantém através das vendas que consegue promover e se esforça; a pública é sustentada por todos nós através do governo e se acomoda.

A galeria particular tem estrutura mínima e luta tenazmente por espaço na mídia; a pública tem o suporte do governo e uma incrível simpatia da mídia.

Aqui no Espírito Santo, o papel cultural das galerias torna-se ainda mais relevante pela ausência de museus. Milhares de estudantes, anualmente, recorrem às galerias para visitas didáticas e pesquisas. Educação Artística é matéria curricular de todas as séries do Primeiro Grau, nas escolas públicas e particulares.

Ao contrário de quase todas as atividades culturais clássicas (música, teatro, cinema, literatura...) a entrada numa galeria ou ateliê é sempre franca. A minha com 38 anos de atividades já recebeu milhares de visitas: populares, universitários, colegas artistas e até crianças da pré-escola, acompanhados de professores inteligentes, que, cumprindo determinação curricular, deixam a sala de aula e vão investigar a arte que se faz por aqui. Nesse caso, as galerias têm função educativa mais pertinente do que museus.

Se um bar, clube ou uma empresa qualquer reservar parte do seu espaço comercial para eventos artísticos, estará fazendo algo mais do que comércio, e, se o que acontece ali merece o interesse público e não se cobra ingresso, deve ser propagado sem preconceito. É estímulo formidável para a multiplicação desses espaços de interesse social.

O capixaba tem compromisso histórico com a pintura: é depositário há quase 500 anos das telas há mais tempo expostas ao público nas Américas: uma pintura portuguesa contemporânea das obras de Leonardo da Vinci e Miguel Ângelo, o retrato de N.S. das Alegrias, no Convento da Penha; a pintura mais antiga feita no Brasil conservada na igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida.

A escola de copistas do Colégio do Carmo, fundada pela Irmã Tereza foi, na primeira metade do século passado, uma das melhores e mais produtivas do Brasil. A Escola de Belas Artes, criada por Homero Massena, em 1951, foi a sétima do país. O Museu de Arte Moderna, criado por Roberto Newman, em 1965, foi um dos primeiros no gênero no Brasil.

Talvez tanta história justifique o interesse do capixaba por Arte. Poderíamos listar razões históricas, filosóficas e até econômicas para valorizar a existência de uma galeria em qualquer comunidade, mas acredito que o mais importante é constatar que a Arte só acontece quando alguém aprecia a obra oferecida pelo artista. Arte é o tipo de relação que se estabelece entre a obra criada pelo artista para sensibilizar o observador. As galerias facilitam esse encontro.  

Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 ateliegalveas@gmail.comwww.galveas.com junho, 2017

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