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SAPUCAIA! AUSENTE!
“Sapucaieiras
Engalanadas” é o título de uma belíssima
tela, exposta permanentemente no Museu Nacional
de Belas Artes, localizado na Av. Rio Branco, Rio de Janeiro.
Essa tela é apontada por especialista como o ápice da pintura de paisagens no Brasil. Seu autor é o nosso
maior paisagista: Batista da Costa. Órfão que, aos 10 anos, depois de morar com parentes, por iniciativa
própria, buscou abrigo na Casa de Apoio ao Menor, no tempo do Império. Descoberto ali, e patrocinado
por D. Pedro II, concluiu sua formação como pintor em Paris. Retornando ao Brasil, foi nomeado professor
da ENBA – Rio. Entre seus inúmeros discípulos destacamos Homero Massena, que também pintou muitas
sapucaieiras engalanadas.
Um
dos apelidos de Vitória, capital do Espírito Santo, foi
“Ilha das Sapucaias” No séc. XVI, nossos
primeiros
colonos trocavam com os índios galinhas por sementes de
sapucaia. Pero de Magalhães Gândavo (? – 1579)
descreve o alimento como de grande qualidade nutritiva e muito saboroso. Em morros de Vitória, até meados
do século passado, existiam inúmeras dessas árvores que coloriam suas encostas, nos meses de outubro
e novembro. No século XX não se deu mais
importância à beleza da árvore nem às
suas amêndoas.
A excelência da madeira resistente ao cupim e ótima para a construção determinou o seu destino.
A sapucaia é da família das lecitidáceas, a mesma da castanha-do-pará e do abricó-de-macaco.
Seu fruto é uma cumbuca muito resistente, cheia de amêndoas comestíveis e deliciosas. Macacos novos,
ao tentar tirar as sementes do interior da cumbuca, e não
querendo abrir a mão para não soltá-las, ficam
com a mão presa. Daí o dito popular: “Macaco velho não mete a mão em cumbuca”.
Essas amêndoas, semelhantes às da castanha-do-pará são apontadas como mais nutritivas. Nos
supermercados, o preço de um quilo de castanhas-do-pará custa R$ 100,00.
Desprezamos perinho, bacupari, araçá, gabiroba, saborosa, cabeludinha, gajuru, ariticum, mangaba, pitomba,
cajá-mirim, coquinho-natal, póca, guriri, ingá e
tantas outras frutas que estão próximas, na restinga, e
pagamos R$ 200,00 por um quilo de mirtilo, no supermercado.
Olhando nossa paisagem, nos meses de outubro e novembro, notamos a ausência das sapucaieiras engalanadas.
Kleber Galvêas, pintor.
Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com novembro, 2015
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