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EXEMPLOS
OPORTUNOS Não é só por ter sido o
único presidente com
mandato de 12 anos (1933 - 45), que Franklin Delano Roosevelt é
estrela de
primeira grandeza nos Estados Unidos. Contemporâneo de Getulio
Vargas, em
discurso no Itamaraty (Rio, 27-11-1936) declarou: “... há
algo que devo sempre
lembrar. Duas pessoas inventaram o New Deal: o Presidente do Brasil e o
Presidente dos Estados Unidos” (FDR Library. Speech Files, Box
30, File
1021-A). O Partido Republicano estava havia 11 anos
consecutivos no poder, período em que aconteceu o pânico
financeiro de 1929,
desencadeando depressão econômica. Num momento de
descrédito quase absoluto do
povo no Governo, alta corrupção motivando
manifestações públicas em todo o país,
o democrata Roosevelt apresentou o New
Deal (nova
política social e
econômica) para a sociedade Americana. Propondo reformas de base
venceu o
presidente Hoover, que tinha 85% da imprensa a favor da sua
reeleição. Pouco antes da posse sofreu sério
atentado à
vida. Assumindo a presidência em 1933 convocou o Congresso para
uma sessão
extraordinária, que se estendeu por 100 dias, quando foi
realizado trabalho
maior do que em qualquer outro período legislativo. O famoso “Truste do
cérebro” (conselheiros do
presidente) conseguiu aprovar, no Congresso, as principais propostas do New Deal: controle
das safras,
investimento em obras públicas, legislação
antitruste e trabalhista. Fracassou
quando quis expurgar do seu partido membros hostis às reformas. Roosevelt devolveu a autoestima aos
Americanos, privilegiando a cultura, com inteligente e vigoroso apoio
direto à
produção artística local. Entre outras
providências, pediu que cada Estado
apontasse seus principais artistas plásticos. Feita uma lista
com 5 mil nomes,
contemplando todas as tendências e regiões do país,
propôs a esses artistas um
empréstimo mensal, durante 10 anos, para sustento e
aquisição de material para
trabalhar. O empréstimo foi amortizado anualmente, com obras dos
próprios
artistas beneficiários. Ao final desse projeto, o Tesouro Americano
computou 565 mil obras de arte, em escultura, pintura, desenho,
aquarela,
gravura e fotografia. Esse acervo foi a pedra de toque para que
surgissem os
Museus Estaduais, que orgulham o povo americano. Educação Artística
é matéria curricular. No
Espírito Santo ainda não temos museu de arte com acervo
permanente variado, que
sirva de apoio à pesquisa. Ontem, na TV, um baiano que
transformou um punhado de palhas de palmeira em saxofone fez
serenata e
foi aplaudido de pé, pelo público e júri.
Há poucos dias apareceu na porta do
meu Ateliê, um carioca com uma folha de coqueiro e um
facão na cintura.
Perguntou se eu queria comprar um beija-flor. Não via o
pássaro. Ele então
sacudiu a folha verde e disse: - “T’aqui, faço na
hora”. Curioso, mandei ver.
Em poucos minutos ele me entregou um beija-flor, feito com
incrível trançado de
palhas. Comprei dois, que estão na entrada do meu Ateliê. Já fui visitado por vigia noturno,
dona de
casa, ajudante de pedreiro, bancário, padeiro, advogado..., que
produzem arte.
Todos frustrados por não poderem se dedicar a suas
vocações, desenvolver
aprendizagem e, principalmente, ser reconhecidos e valorizados. É oportuno dar uma chance
ao criativo povo
brasileiro. Esses dois exemplos (político e cultural) fazem 80
anos. Kleber
Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com julho, 2013 |