Pinturas
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ERA UMA VEZ UM MUSEU...
Um não! Três museus: Antropologia, Arte Sacra e o MAM-ES. A história desses modestos museus foi curta e inglória. Não
se desenvolveram, por não cultivarmos a nossa identidade, desprezando a vocação
do povo e do espaço único que ocupamos no mundo: o território capixaba. O Museu de Antropologia funcionou no térreo do prédio
conhecido como Fafi. Quando acompanhava minha mãe ao centro de Vitória (para
compras, médico, caldo de cana, cinema) às vezes trocava o cinema por uma
visita ao museu. Em armários enormes, com vidros de cristal bisotado, víamos
cerâmicas e instrumentos indígenas, fósseis de peixes, aves empalhadas,
herbários, e até esqueletos humanos encontrados em sambaquis, na região de
Carapina. Esse museu desintegrou-se. O Museu de Arte Sacra funcionava na Capela Santa Luzia. Sem
responsabilidade definida, foi abandonado, minguando aqui; e aquecendo o
mercado de antiguidades do séc. XVI ao XIX. A história do MAM-ES começa com o nascimento de um menino em
Guarapari. Roberto Newman Westhor Niffeld nasceu no dia 4 de maio de 1925.
Tinha aparência de americano, reforçada pelo sotaque adquirido na infância e juventude passadas
na Espanha, onde estudou arquitetura e artes. Aos 32 anos (1957) ganhou o prêmio
da Loteria Federal de Espanha. Largou a arquitetura e viajou pelo mundo,
adquirindo notável conhecimento sobre arte. Isso lhe propiciou uma base sólida,
para se entrosar na vanguarda da arte moderna. Vindo a Vitória casou e, aqui, nasceu e vive a sua filha
Roberta. No aniversário de Vitória, 8 de setembro de 1965, empossando a
diretoria do MAM-ES (João Santos Filho, Wilson Pinto Vieira, Rui Martins,
Juvino Leal Andrade, Marien Calixte, Umberto Vassena, Louis Debbané) , foi
inaugurada a sede do MAM-ES, na Rua Barão de Monjardim, 277. |
Desde o inicio o MAM-ES focou as áreas de Artes Plásticas e
Cinema. O filme “Indecisão”, de Ramon Alvarado deu início ao ciclo pioneiro
de
produções cinematográficas do ES. Em 1966 o MAM-ES promoveu, no térreo do
edifício Ouro Verde, Praça Costa Pereira, o Primeiro
Salão Nacional de Artes
Plásticas do E. Santo.
A logomarca do museu, criada por Newman tem desenho limpo e
atualíssimo. A capa do catálogo do primeiro Salão, sugerindo ondas
em
movimento, inspirada na Op arte (estética surgida em NY, 1964) mostra um Newman
ligado no que se fazia em arte no mundo,
naquele momento.
Desse Salão participaram 29 capixabas; 28 paulistas, 19
cariocas, 7 baianos, 5 mineiros, 2 paraibanos, 2 gaúchos, 2 potiguares, 1 paranaense.
Considerando como capixabas, não só os espírito-santenses,
mas também aqueles que vivem aqui e os que amam esta terra, eis a lista dos
29
capixabas participantes, como expositores, no Primeiro Salão de Artes Plásticas
do E. Santo: Carlo Crepaz, Marien Calixte, Roberto Newman,
Siliégio Gomes
Ramalho, Arcângelo Venturim, Carlos Chenier, Dairon Rodrigues da Cunha, Homero
Massena, Homero Nascimento, Ilária Rato,
Jaime da Costa Viana, Jerusa Gueiros
Samu, José Américo Guimarães, Kleber Galvêas, Lusa Rodrigues de Meneses, Marcos
José de Aguiar
Alencar, Marian Espíndula Rabello, Miguel Figueira Sarkis, Paulo
Pedro Seródio Garcia, Raphael Samu, Rodolfo Mario Carvalho Lopes, Tereza
Elisabetta de Valente Nicoletti, Heloisa Santos Oliveira, Bethy Monteiro Giudice,
Guiseppe Irlandini, José J. A. de Siqueira, Maria Helena
Carneiro, José Vianna Beleza.
Aos trancos, mas sempre encontrando altos barrancos no
caminho, o MAM-ES resistiu 5 anos. Newman partiu. O museu se desfez.
Uma das estrelas mais brilhantes da arte brasileira atual,
Ivald Granato, sempre destaca, em seu currículo, a aprendizagem com o mestre
Roberto Newman, falecido em BH, 1984, aos 59 anos. Ele fez milagre, deu fruto,
orientou um grande artista longe daqui.
Kleber Galvêas, pintor, Tel. (27) 3244
7115 www.galveas.com julho, 2016.