Pinturas
Atividades
Restauração
Artigos
Biografia
Mestres
História
Contato
Vídeos Curtos
Shopping
English
Documentos
Home
|
DESVIO DO CAIS
- publicado em A Gazeta,
25/11/2013
Desafio
revelador teria sido a disputa do "arquiteto premiado", com estudantes
e profissionais, em concurso público, para a escolha do projeto
Cais das Artes.
É preocupante nossas escolas de arquitetura, sindicatos,
diretórios acadêmicos, e também estudantes,
ambientalistas, paisagistas, políticos e intelectuais capixabas,
engolirem passivamente esse projeto. Sem o concurso perdemos a
oportunidade de conhecer o potencial das escolas de arquitetura,
escritórios abertos no ES, e dos profissionais espalhados pelo
mundo, que tenham interesse em trabalhar em nosso Estado.
O arquiteto espanhol Calatrava está construindo no Rio um "cais
das artes", que leva em consideração o que os
jesuítas ensinaram por aqui no séc. XVI, relativamente
à luminosidade tropical e à ventilação.
Embora vigore em Vitória uma lei imoral, que obriga o construtor
a colocar na fachada de edificações de porte uma obra de
artista que tenha a carteirinha do sindicato local, sob pena de
não receber o habite-se, a escultura escolhida sem concurso
público no governo Hartung, para a fachada do Masmorrão,
é de alienígena sem carteirinha. As pessoas envolvidas
nesse projeto são as mesmas que gravitam em torno do Museu
Ferroviário, de triste histórico. Provincianos que
só enxergam bem o que está distante querem mais um palco
para talentos exóticos: “para sermos inseridos no circuito
internacional”.
Meu avô diria que "isso é colocar o carro na frente dos
bois". Deveríamos primeiro investir e fortalecer a
produção local, que existe mas não é vista;
que se esforça, mas não consegue fazer com que "o vosso
olhar a nós volvei".
Parintins começou com um modesto "bumba meu boi". Hoje exporta
para a Sapucaí mestres artesãos e manipuladores de
figuras gigantes, para o carnaval no Rio. Nós fizemos um
sambódromo para carnavalescos cariocas dançarem
também em Vitória.
Imagine na Enseada do Suá, em lugar do “caixotão
das artes”, um jardim com anfiteatro, que recebesse disputas de
congos representando as cidades do Estado e vizinhas, de quadrilhas
juninas, folias de reis, bandeiras do divino, ticumbis, alardos,
caboclinhos, bate flechas, cirandas, marujadas, pastorinhas; festivais
de música popular, erudita, étnicas e danças
diversas; eventos cívicos, esportivos, políticos,
sociais, religiosos... Um espaço aberto (versátil e de
baixo custo de manutenção) não bloquearia a vista
do Convento, valorizaria a paisagem, seria mais próprio para o
local, coerente com nossas tradições e clima. A
praça continuaria sendo do povo.
Kleber Galvêas, pintor
www.galveas.com ateliegalveas@gmail.com Tel. (27) 3244 7115
|