Pinturas
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DEMOCRACIA ABSOLUTA – A Gazeta, 26/09/2014 Virgílio foi poeta oficial de Augusto, imperador romano. Dante,
ao escrever a "Divina Comédia", escolheu Virgílio (filosofia) para
guiá-lo pelo inferno e purgatório, onde registra a miséria humana. Para a
jornada através do céu elegeu Beatriz (teologia). Virgílio pecou, não poderia
ir ao céu, pois ensinou que "contra o inimigo não há como escolher entre o
ardil e a coragem". Lisandro, general espartano, dizia: "Se a pele do leão não
basta, cumpre juntar um pedaço da pele da raposa." Estes homens falavam de guerras. Não de eleições. Anterior a Virgílio e A Lisandro, mais de dois mil anos antes de
Montaigne, Zoroastro sustentava que o bom senso, a tolerância e o diálogo, são
indispensáveis ao governo dos povos: "Quando comer alimente os cães, ainda
que o mordam." Zoroastro vivia na Pérsia, quando a democracia direta era
aplicada por Sólon em Atenas. Os gregos confiavam tanto nas suas instituições e nos cidadãos,
que o governante era escolhido por sorteio (dispensando partidos e campanhas);
o mandato era de um ano, sem reeleição (garantindo renovação). Para a sociedade constituída funcionar com equidade, a
democracia deverá no futuro ser direta. Isso era inviável devido à explosão
demográfica e à dificuldade de comunicação. Na era da Internet, garantida
a segurança na rede, e com a televisão universalizada, serão progressistas os
que se inspirarem no velho modelo da democracia grega. Política não é guerra. É a arte de decidir através de discussão
pública. O homem atual está se aparelhando (computadores) para praticá-la de
forma universal e segura. Se isso acontecer, ficará obsoleto o ardil, a pele da
raposa e outros males da democracia moderna. A caríssima democracia representativa, que gera tantas decepções
e conflitos nas nações, cederá lugar ao progresso dos povos, de acordo com o
interesse expresso diretamente pela maioria. Kleber Galvêas,
pintor. Tel. (27) 3244 7115 ateliegalveas@gmail.com www.galveas.com set/2014. |