Pinturas |
"A
necessidade da Poesia". O
“Pensar”, de A Gazeta, nos provoca sempre bons pensamentos
quando nos
oferece os textos perfeitos na forma e instigantes no conteúdo,
do “jovem”
irrequieto, competente e generoso Professor Jose Augusto Carvalho. Em
seu texto, "A necessidade da
Poesia" (24-05-2014) ele diz: “o primeiro grande
equivoco
do articulista foi confundir a poesia (o conteúdo) com o poema
(a forma). A
poesia existe em toda parte, em todo lugar, em todos os
momentos”. O artigo
criticado por ele foi publicado na Folha de SP, com o
título: “A
necessidade atual da inútil poesia”. As
palavras do nosso mestre me lembraram Leonardo da Vinci, que
aconselhava desfrutarmos prazer estético na
apreciação das manchas do tempo, em
paredes antigas das construções romanas. Os
primeiros pintores abstratos pretendiam, com suas telas manchadas ou
grafitadas, postas para apreciação em espaços
nobres de salões e galerias de
arte, ter função educativa, mudar o comportamento do
público: despertar
o interesse para os fatos estéticos do cotidiano (a
casca de banana
esmagada sobre o asfalto, o zumbido da abelha ou o canto do
pássaro, a
luminosidade ou o cinza de um dia, etc.). Muitas
obras de arte moderna foram executadas com materiais perecíveis
(manteiga, fezes, carnes, vegetais...) e expostas por tempo
determinado. Outras
como os happenings, como forma, só existiram naquele
momento.
Alguns artistas, como Marcel Duchamp (mictório) descartaram os
objetos
utilizados após a exibição,
reforçando a ideia de que a forma deve estar
sempre a serviço do conteúdo e, que só este pode
ser eterno e universal O
artista é aquele que encontra a fórmula própria,
para criar formas
e/ou disciplinar o tempo, para que o público perceba o
conteúdo, onde não
enxergava poesia, provocação, nem prazer estético. A
função primária do artista é realizar fatos
singulares que, percebidos
por um dos sentidos de outro homem, abrem passagem, entre seu interior
e o
mundo em que vivemos. Ele enriquece nossas vidas, como num “toque
de Midas”,
juntando palavras, desenhando, colorindo, esculpindo, criando ritmos,
representando, dosando temperos, lançando perfume, levando-nos
para além da
indiferença, fazendo-nos pensar. Kleber
Galvêas, pintor. www.galveas.com ateliegalveas@gmail.com Tel.
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3244 7115 maio, 2014 |