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A FORÇA DO VENTO – (A propósito da Audiência Pública, dia 21-06-2006 às 13h30 na AL/ES. Auditório I – Poluição Atmosférica no ES).
Partículas em suspensão no ar, provenientes de operações siderúrgicas,
causam poluição e doenças. Uma delas é a silicossiderose, irreversível
e com morte dolorosa por insuficiência respiratória. Ambiente onde
ocorre esse tipo de poluição é “forte impulso” no desenvolvimento da
tuberculose, de alergias, de inflamações crônicas, de neoplasias., em
nosso organismo. Quando constantes no ar ambiente, partículas de ferro
representam alteração ecológica sutil, mas extremamente perigosa para
todo ser vivo de respiração pulmonar — informam pneumologistas em
depoimento à CPI, instaurada na AL-ES, durante o governo Max
Mauro.
A poluição aérea no Espírito Santo é problema grave e antigo. Desde o
tempo da Kawasaki, 1970, o “X” da questão é a localização das
siderúrgicas. Elas foram instaladas na Ponta de Tubarão, atendendo a
pressão política, e não a critérios estratégicos ou econômicos.
O homem é capaz de remover montanhas, mudar o curso de rios, construir
barragens, afastar o mar, fazer chover, atear ou apagar o fogo, e muito
mais. Entretanto, domar o vento livre na natureza é impossível. Daí o
vento ser a melhor metáfora para a Liberdade.
A Ponta de Tubarão, onde construíram e não param de expandir o complexo
siderúrgico, está no caminho do vento nordeste que chega a Vitória, o
mais frequente que sopra sobre o Espírito Santo. Derrama sobre nós as
partículas (ferro, carvão, sílica, calcário) que recolhe, passando por
Tubarão. A fatal silicossiderose (doença pulmonar provocada pela
inalação de partículas de minério de ferro) é a mais forte expressão
dos malefícios comprovados desse tipo de poluição.
Durante mais de três décadas nossas empresas siderúrgicas se esforçaram
muito, e investiram pesado, buscando equipamentos e práticas para
minimizar essa poluição. Nada deu certo. Só colecionaram fracassos. A
poluição aparece, dia após dia. Com um imã, a população identifica a
presença do ferro e sua principal fonte.
Como podemos permitir a duplicação no mesmo lugar do que não deu certo
após tão longo esforço? Da empresa que, em escala menor, não foi capaz
de resolver os problemas que criou?
A Vale goza de alta estima dos capixabas e existe um sentimento de
gratidão: foi a principal responsável por nos livrar do estigma de
“lugar de toda pobreza”, que persistia desde o séc. XVI.
Uma nova geração de capixabas, mais bem preparada, se forma em nossa
terra, com espírito crítico para avaliar e exigir qualidade de vida e
ecologia. Em breve esses jovens ocuparão seus espaços na vida pública e
com segurança legal saberão agir. A empresa, com sua imagem desgastada
por persistir no erro, só tardiamente cederá? Isso será inevitável,
pois acionistas têm horror a multas e indenizações.
Para o próprio bem das siderúrgicas instaladas na Ponta de Tubarão é
preciso que seus novos investimentos sejam direcionados para outra área
e que se pense na gradual transferência das atividades siderúrgicas ali
existentes.
Quanto, em dólares, as usinas localizadas em Tubarão contribuíram para
o montante de U$ 4 bilhões, que foi o valor alcançado, em leilão, por
toda a Vale espalhada pelo mundo? O lucro anual da empresa é de mais de
U$10 bilhões, muitas vezes superior ao custo da transferência, que se
mostra prudente e necessária. Ainda mais necessária e oportuna se faz,
quando consideramos a idade dessas unidades de produção, a chance de
expansão oferecida pelo governo estadual e o risco de desgaste da
imagem da Vale (ainda tão admirada internacionalmente).
A hora é esta: a empresa está capitalizada e pretende se expandir
(Usina 8); Vitória cresceu muito e tem alternativas econômicas
incompatíveis com a poluição; a consciência ecológica da nossa
juventude se mostra inquieta; os ventos são favoráveis para uma viagem
curta e tranquila de mudança.
Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115. junho/2006.
PS. Assista: https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=TsjgSC1kik0
Audiência Pública em 2010.
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